quinta-feira, 30 de junho de 2011

O tic tac da razão

Ouvindo o tic tac do relógio diante de mim
Inicei meus pensamentos arraigados na razão
E com razão acho que não te sinto mais
Com razão nem te quero tanto assim
Sem razão te desejaria profundamente
Se é pra ter razão de ser, talvez nem sejas
Se é pra achar razão nas coisas, talvez nem existam essas tais coisas
Será se eu tenho razão, ou Tu tens razão, ou nada tem razão de ser?
Eis a razão de novo aqui
Enfim, com razão digo que simplesmente as coisas acabam.
Com razão e  tictaqueando  no tempo elas simplismente acabaram.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

*Parusia
O seu amor, o nosso amor me faz pensar.
É tão fácil lembrar, com a memória é muito simples.
Difícil é esquecer quando se tem amor.

E você tornou-se impossível de esquecer.
Há tempo que ficou pra trás todo silêncio e solidão.
Se o tempo foi, você ficou junto de mim a me aquecer.
Há tempo que o frio passou, ficou o calor da tua luz.
Se o tempo foi, você marcou presença onde não há valor.
Tal qual estou a esperar a sua volta.
São joelhos calejados que tocam o precioso chão.

Fazer o quê? eu não sei o que fazer!
Ainda assim só há alegria porque sei:
Sua volta é iminente.Ansioso espero por você!
Há tempo que ficou pra trás todo silêncio, e solidão;
Se o tempo foi você ficou junto de mim a me aquecer.
Há tempo que o frio passou, ficou o calor da sua luz;

Se o tempo foi você marcou presença onde não há valor.
A esperança viva está.
Minha mente só me traz você!

Eu sei porque não há solidão

*Parusia =Segunda volta de Cristo.
Rosa de Saron
Composição: Guilherme de Sá

quinta-feira, 23 de junho de 2011


Utopia

Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego de meu lar
No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajuntava
Lá no alpendre a conversar
Meus pais não tinham
Nem escola e nem dinheiro
Todo dia o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso, seu olhar
Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava
Quem fizera estrepolia
E mamãe nos defendia
E tudo aos poucos se ajeitava
O sol se punha
A viola alguém trazia
Todo mundo então pedia
Ver papai cantar pra gente
Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar no sol poente
Correu o tempo
E eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Enquanto muitos não a tem
Agora falam
Do desquite ou do divórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém
Há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais
Se os pais amassem
O divórcio não viria
Chamam isso de utopia
Eu a isso chamo paz.

composição:Pe.Zezinho

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Cansaço-Fernando Pessoa



O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidde infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço…
Fernando Pessoa